Diariamente os noticiários gritam em telas de alta definição sobre mais um dia de fúria, mais um episódio de brutalidade que parece não ter fim. A violência desmedida que temos presenciado já não choca a todos como antes, talvez porque a repetição tem o poder de anestesiar. Mas não deveria. O ser humano, antes guiado por sua consciência e um senso básico de civilidade, parece ter perdido os limites.
Nos semáforos, nos transportes públicos, nas redes sociais — não importa o cenário, o ódio é disseminado como quem joga sementes ao vento, sem se preocupar com o terreno onde irão germinar. Vemos explosões de ira por motivos banais, gestos impensados transformando-se em tragédias irreversíveis. É muito triste! Uma simples discussão de trânsito se converte em confrontos fatais. Uma divergência de opinião é suficiente para provocar ofensas e até agressões físicas.
É como se houvesse uma ruptura invisível entre a razão e o impulso, e o que antes era segurado por um fio tênue de empatia e respeito ao próximo agora se desfaz diante da menor provocação. O ser humano se tornou um vulcão pronto a explodir, com a lava da intolerância e da brutalidade corroendo o que restava de harmonia social.
Onde foi que perdemos o senso de humanidade? Talvez no silêncio cúmplice, no hábito de assistir e não agir, na normalização de pequenos atos de agressividade até que se tornassem grandes o suficiente para devastar. Somos espectadores de nossos próprios dias de fúria, cegos à deterioração de nossa capacidade de conviver.
E assim seguimos, testemunhando o caos diário, esperando por um milagre que restaure a civilidade perdida. Mas até que isso aconteça, restam apenas as manchetes frias e uma sociedade cada vez mais insensível à própria dor que causa.
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