Introdução
A Idade Moderna, ao contrário do que se pode imaginar, não se refere ao momento histórico em que vivemos atualmente, mas é um período da história ocidental compreendido entre os anos de 1453, com a tomada de Constantinopla pelo Império Otomano, e 1789, início da Revolução Francesa. Como todos os períodos em que geralmente se divide a história para facilitar sua compreensão, a Modernidade, como também é chamada, foi assim designada posteriormente, com o intuito de ressaltar certos aspectos em detrimento de outros. Dessa maneira, deve ser observada como um processo, que apresenta tanto continuidades quanto rupturas com o período anterior e o que a sucede.
Em aspectos gerais, podemos caracterizar a Idade Moderna como o período de formação dos Estados Modernos. Durante a Idade Média, houve uma descentralização política na Europa, o que levou à divisão territorial em diversas unidades rurais - os feudos - fortalecendo a nobreza que era proprietária de terras e enfraquecendo a figura do rei. Com a crise do feudalismo, o processo inverso ocorreu. Os senhores feudais foram perdendo poder relativo e houve uma centralização política, formando os Estados modernos e estabelecendo o Antigo Regime. No campo cultural, o Renascimento impulsionou o Humanismo e uma nova relação entre o ser humano e a religião, que influenciou as Reformas Religiosas. A Idade Moderna também foi o palco das grandes navegações, do renascimento do comércio e das cidades, e da ascensão da burguesia. A Idade Moderna se encerra com o início da Revolução Francesa, que marcou, também, a crise do Antigo Regime.
Características
Podemos caracterizar a Idade Moderna a partir de algumas de suas características principais:
- Renascimento cultural: foi um movimento cultural que vigorou entre os séculos XIV e XVI, e influenciou diversos aspectos da sociedade europeia, se constituindo como grande precursor da Modernidade. Entre suas principais características, podemos mencionar o humanismo, o racionalismo, o desenvolvimento cultural e científico;
- Renascimento comercial: o renascimento cultural foi acompanhado por um intenso renascimento comercial, possibilitado pela reconquista de antigas rotas comerciais com o Oriente e no Mar Mediterrâneo, o que possibilitou o surgimento da burguesia, classe social ligada à atividade comercial;
- Centralização do poder político: com as revoltas camponesas e o renascimento comercial, o feudalismo, antigo modelo de organização social, entrou em crise. Os senhores feudais perderam gradualmente seu poder, que se concentrou na mão dos reis, o que culminou com a formação dos Estados Modernos;
- Reformas religiosas: no aspecto religioso, a ascensão do Humanismo, entre outros fatores, teve impacto nas críticas à Igreja Católica, que culminaram com a Reforma Protestante no século XVI. A Igreja Romana, por sua vez, promoveu a Contrarreforma para evitar perder o poder que havia acumulado durante a Idade Média.
- Expansão marítima: com a centralização política e a criação dos Estados Modernos, os reis passaram a financiar e incentivar grandes expedições marítimas que tinham por objetivo promover o comércio com a região das Índias. Posteriormente, essas expedições tiveram outros objetivos, e culminaram com o estabelecimento de colônias europeias no continente americano.
- Colonialismo: depois do estabelecimento de colônias na América, os países europeus passaram a basear grande parte de sua economia na exploração colonial.
O Estado Moderno
Com a crise do feudalismo, o poder foi gradativamente se concentrando nas mãos dos reis. Além das revoltas camponesas, que enfraqueceram os senhores feudais, a ascensão da nova classe social da Modernidade, a burguesia, contribuiu para o estabelecimento de governos centrais que pudessem regular as atividades comerciais por extensos territórios. Processos de formação do Estado Moderno se iniciaram ainda no século XIV, em Portugal, e no século XV, em países como Espanha, França e Inglaterra. Como se tratou de um processo, a formação dos Estados Modernos não ocorreu de uma hora para a outra, mas se consolidou através dos séculos.
Podemos definir o Estado Moderno, no período que ficou conhecido como Antigo Regime, a partir de algumas características gerais:
- Absolutismo: centralização do poder político nas mãos de um rei, que era soberano sobre todo o território nacional. Esse poder era justificado pela crença de que o rei era um representante de Deus entre os homens, e cabia a ele, portanto, governar uma determinada região e seu povo;
- Mercantilismo: foi o principal modelo econômico dos Estados Modernos. Embora cada nação o aplicasse com particularidades, podemos sintetizar o mercantilismo como um modelo econômico em que:
- O Estado controlava a economia a fim de expandir suas fronteiras comerciais;
- Buscava-se a manutenção da balança comercial favorável, ou seja, um país deveria procurar exportar mais do que importar;
- Adoção do protecionismo, prática que visava a imposição de barreiras para a entrada de produtos estrangeiros;
- Metalismo, prática que visava acumular metais preciosos, como ouro e prata, conseguidos principalmente nas Américas.
- Sociedade estamental: a Idade Moderna e o Antigo Regime mantiveram a divisão da sociedade em estamentos, divisões determinadas pelo nascimento que impediam a mobilidade social. Dessa forma, o rei, acompanhado pela nobreza, e o clero possuíam privilégios sociais em relação ao restante da sociedade, composta por burgueses, artesãos, trabalhadores urbanos e camponeses.
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