sábado, 21 de novembro de 2009

SÍNTESE: NOVAS FORMAS DE VER O MUNDO - SÉC. XVIII E XIX

A RAZÃO CONTRA A FÉ – No contexto das revoluções dos séculos XVIII e XIX, que permitiram às burguesias tomar o poder, teve início também uma grande secularização. Isso se deveu a fatores econômicos, políticos e culturais:
• Urbanização – o êxodo rural fez com que a população escapasse do maior controle social que as igrejas exerciam no campo.
• A legislação produzida pela Revolução Francesa debilitou a Igreja ao confiscar grande parte de suas propriedades e riquezas.
• O desenvolvimento de uma mentalidade científica. Fé e razão se tornaram conflitantes e incompatíveis.


A REVOLUÇÃO TÉCNICA E CIENTÍFICA – No século XIX, a acelerada industrialização da Europa e o enorme avanço da ciência, da técnica e da tecnologia mudaram a mentalidade científica e cultural. Um dos principais responsáveis por essa mudança foi o biólogo Charles Darwin, coma publicação do livro A origem das espécies, em 1859.

A SENSIBILIDADE ROMÂNTICA – O Romantismo foi um amplo movimento sociocultural que atravessou os últimos anos do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX.
Destacamos três características fundamentais do Romantismo:
• A rebeldia – oposição ao racionalismo iluminista e ao modelo clássico de beleza.
• A nova atitude diante da natureza – sentimento de comunhão com a natureza, vendo-a como um ser vivo.
• A nova visão de mundo e do ser humano – afirmava ser impossível ao ser humano conhecer a realidade por meio da razão. Valorizavam a utopia e defendiam a superioridade do sentimento, da imaginação e da capacidade criativa.

TÉCNICA OU POÉTICA – Na segunda metade do século XIX, o Realismo foi o estilo predominante, tanto na literatura quanto na pintura.
Os artistas realistas se dedicavam a temas de sua própria época e da realidade cotidiana. Esses artistas valorizavam a observação como a qualidade mais importante de um artista. Buscavam a objetividade para conseguir expressar uma visão fria e distanciada das coisas.



SÍNTESE: ATIVIDADES DE APOIO À CULTURA AÇUCAREIRA NO NORDETESTE COLONIAL


NEM SÓ DE AÇÚCAR VIVIA A COLÔNIA

AGRICULTURA DE EXPORTAÇÃO E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS – A produção de cana-de-açúcar em grandes propriedades e destinada à exportação, foi a base da colonização portuguesa no Brasil nos séculos XVI e XVII, mas isso não significa que outras atividades não tiveram importância.
Os proprietários rurais, em geral, resistiam à idéia de utilizar a terra para produzir artigos voltados para o consumo da colônia, pois estavam mais interessados nos lucros gerados pelas vendas do açúcar.

A CRIAÇÃO DE GADO – Em todas as propriedades, animais de tração eram empregados para puxar carros, transportar cargas, como montaria e para acionar moendas e moinhos. Dos animais também se obtinha o couro, a carne e o leite.
Com o passar do tempo, porém, deixou de ser vantajoso destinar uma grande área para pasto, pois era mais lucrativo plantar cana.
Desse modo, ao longo do século XVII, a pecuária tornou-se uma atividade complementar praticada em áreas mais afastadas do litoral. Ao avançar pelo sertão, a pecuária contribuiu para expandir o território.


A IMPORTÂNCIA DO RIO SÃO FRANCISCO – Nas áreas próximas ao Rio São Francisco, o clima menos úmido e o solo menos propício para a cana-de-açúcar eram apropriados à pecuária. Além disso, a vegetação fornecia pastos naturais para o gado, e o solo continha sal natural (sal-gema), fundamental para alimentação dos animais. Por isso, o São Francisco tornou-se conhecido como o “rio dos currais”.
A pecuária além de produzir animais vivos, com o tempo voltou-se à produção de carne-seca, importante alimento dos escravos.
Depois de atingir o Rio São Francisco, o gado continuou a sua expansão para o norte e adentrou, no final do século XVII, as terras que hoje pertencem ao estado do Piauí.

FUMO E ALGODÃO – O fumo era outro produto destinado aos mercados europeus, nos quais o número de consumidores era crescente. Além disso, era usado na África como moeda de troca na aquisição de escravos.
A principal área produtora de fumo ficava na Bahia, próxima aos currais, onde a criação de gado gerava o esterco necessário para adubar as lavouras.
O algodão é um produto nativo da América e já era utilizado pelos indígenas antes da chegada dos europeus. Apenas por volta de 1760, o algodão passou a ser exportado regularmente. O principal centro produtor era a capitania do Maranhão, seguida pela Bahia e pelo Rio de Janeiro.
A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS – À medida que os produtores ampliavam as áreas de cultivo de cana, diminuía a área destinada aos gêneros de subsistência. Com isso, eram comuns a falta e a elevação dos preços dos alimentos, especialmente nas cidades, gerando um problema crônico de subnutrição nas camadas mais pobres da população.



sexta-feira, 20 de novembro de 2009

SÍNTESE: A EXPANSÃO DOS ESTADOS UNIDOS E A GUERRA CIVIL AMERICANA


ESTADOS UNIDOS: A CONQUISTA DO OESTE

A MARCHA PARA OESTE – De 1780 a 1850, a população dos Estados Unidos cresceu consideravelmente: passou de 5 para 23 milhões de pessoas. Esse crescimento foi causado pela chegada de novos imigrantes europeus vindos, sobretudo, da Inglaterra e da Irlanda.
As treze colônias originais se tornaram estados, novos territórios foram incorporados, e a área ocupada pelos Estados Unidos cresceu onze vezes, passando de 835 mil km² para 9,3 milhões de km².
• A Louisiana e a Flórida foram compradas da França e da Espanha em 1803 e 1819, respectivamente.
• O Oregon foi cedido pela Grã-Bretanha em 1845.
• O Texas, que pertencia ao México, foi anexado em 1845.
• Os atuais estados da Califórnia, Arizona, Novo México, Oklahoma, Colorado, Idaho, e parte de Utah passaram a fazer parte dos Estados Unidos após a vitória contra o México.

A FORMAÇÃO DE UM PAÍS – A conquista do oeste proporcionou à população grande quantidade de terras. Vejamos as características econômicas e sociais das três regiões que formaram os Estados Unidos.
• Nordeste: marcado por um grande desenvolvimento industrial e urbano.
• Sul: predomínio da economia agrária e do trabalho escravo, centrado em grandes plantações exportadoras de algodão e tabaco.
• Oeste: caracterizado pela concentração de pequenos agricultores e criadores independentes.

UMA EXPANSÃO SANGRENTA – A marcha para o oeste não foi realizada apenas pelos “heróis” glorificados na história norte-americana. A ocupação do oeste também teve um outro lado muitas vezes omitido: a remoção dos indígenas de suas terras e o extermínio de milhares de nativos em nome da civilização.


A GUERRA CIVIL AMERICANA

A ESCRAVIDÃO – Na segunda metade do século XIX, manutenção da escravidão nos Estados Unidos era um tema que gerava grande polêmica e dividia o país. Os estados do norte, mais industrializados e com a produção rural organizada em pequenas unidades, eram contrários à manutenção do trabalho escravo. O sul, pouco industrializado e com grandes propriedades rurais, defendia a escravidão por ser a base da produção agrícola.
Em 1808, o tráfico de escravos foi proibido nos Estados Unidos, mas um intenso contrabando continuou a abastecer as fazendas sulistas.

A GUERRA DE SECESSÃO – A integração das novas terras a oeste intensificou o enfrentamento entre abolicionistas e escravistas em meados do século XIX. Os estados do norte queriam restringir a escravidão nas novas terras, e o sul não reconhecia a autoridade do Congresso para proibir a escravidão.
Em 1860, Abraham Lincoln, nortista e contrário à extensão da escravidão aos novos territórios, foi eleito presidente. O estado da Carolina do Sul reagiu e separou-se dos Estados Unidos. Dez estados seguiram o exemplo e formaram uma Confederação. A guerra começou em 1861.
O conflito, também conhecido por Guerra Civil (1861-1865), foi vencido pelo norte e custou cerca de 600 mil vidas. Foi muito importante a liderança política do presidente Lincoln, que decretou a abolição da escravidão e, todos os estados em 1863, dois anos antes do fim da guerra.



SÍNTESE: ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA



A ÁFRICA E O TRAFICO NEGREIRO – A vida das sociedades africanas alterou-se com a chegada dos europeus no século XV. Os primeiros a desembarcar foram os portugueses, que construíram feitorias ao longo do litoral e procuraram monopolizar a rede comercial africana. Em troca de ouro, marfim e escravos, os portugueses ofereciam tecidos, metais, ferramentas, aguardente, cavalos e armas.
No início eram os mercadores portugueses que capturavam os africanos. Depois, os próprios chefes africanos passaram a organizar violentas entradas no interior, para capturar africanos de tribos inimigas. Capturavam um elevado número de homens, mulheres e crianças, que eram acorrentados e chegavam às feitorias no litoral para esperar o embarque.


A TRAVESSIA E A VENDA NA AMÉRICA – A duração da travessia variava de acordo com o ponto de chegada: cerca de 35 dias para o Recife e de 60 para o Rio de Janeiro. As condições da viagem eram péssimas e, por isso, o índice de mortalidade era elevado. Isso explica por que, no século XIX, os navios negreiros foram chamados de tumbeiros, uma alusão às tumbas, sepulturas. Nos mercados próximos aos portos de desembarque, a população negra era exposta para ser comercializada. Os preços variavam de acordo com o sexo, a idade e as condições físicas.

A VIOLÊNCIA CONTRA O ESCRAVO – Além dos trabalhos forçados, castigos eram aplicados para controlar e reprimir os escravos nas fazendas. Eram utilizados instrumentos, tais como: chicotes, troncos, gargalheiras, máscara de flandres, algemas, correntes, palmatória. Os cativos que haviam fugido e eram capturados pelos capitães-do-mato tinham que usar gargalheiras ou então, eram marcados com a letra F de fujão, com ferro em brasa.

A RESISTÊNCIA – Os africanos resistiam à crueldade da escravidão usando meios pacíficos ou violentos.
Muitos evitavam ter filhos ou entravam em estado de profunda tristeza (chamado banzo), que muitas vezes os levava à morte.
Também resistiam de modo mais direto como roubar os pertences do senhor, assassinar feitores, capitães-do-mato e familiares do senhor.
A mais significativa forma de resistência era a fuga. Porém, nem todo escravo era bem-sucedido. Um capitão-do-mato podia capturá-lo, ou uma autoridade desconfiar da sua condição de livre e devolvê-lo ao seu dono. Boa parte dos que conseguiam fugir, embrenhavam-se nos matos e formavam quilombos, ou seja, aldeias de escravos fugidos. Também chamados de mocambos, os quilombos eram aldeias fortificadas que reuniam escravos fugidos, índios, escravos alforriados e brancos pobres.
O quilombo mais conhecido foi o Quilombo dos Palmares (em terras localizadas onde hoje é o estado de Alagoas). Zumbi foi o mais famoso chefe desse quilombo, por isso se tornou um símbolo para a cultura afro-brasileira.

TROCAS E CONFLITOS

A CONVIVÊNCIA ENTRE SENHORES E ESCRAVOS – Depois de estudar a sociedade nordestina do período colonial, o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre concluiu que, apesar da violência que a escravidão representou, teria havido mais integração que conflito entre senhores e escravos. Exemplos: os filhos dos senhores brincavam com crianças negras, muitas vezes crianças brancas dividiam o leite materno com crianças negras, pois era comum a presença da ama-de-leite entre as famílias coloniais.

UMA SOCIEDADE MISCIGENADA – Outro exemplo da integração racial seria o grande número de mestiços. Foi comum a prática de homens brancos, inclusive proprietários de terras, manterem relações sexuais com negras ou mulatas, as quais geravam filhos.
Alguns desses filhos eram reconhecidos pelo pai como filhos, outros recebiam alforria (liberdade) por meio do testamento deixado pelo pai. Documentos também comprovam que alguns senhores se casavam com escravas ou forras.
Gilberto Freyre defendeu que no Brasil houve uma integração racial que não se verificou em outros lugares da América.

SINCRETISMO RELIGIOSO – Na América, santos católicos foram associados a deuses das religiões africanas, resultando em uma nova tradição religiosa.
A religião dos africanos era vista pelos católicos como feitiçaria. Para evitar pressões da Igreja e ocultar as divindades a quem dirigiam as preces e agradecimentos, os escravos negros passaram a associar cada divindade do candomblé a um santo católico. O sincretismo, portanto, foi um modo que os escravos negros encontraram para preservar, ao menos em parte, as suas tradições.

UM MUNDO DE OPOSTOS – Historiadores como Jacob Gorender discordam do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. Eles não negam as trocas culturais entre negros e brancos, mas afirmam que essa visão esconde o traço mais importante: a exploração e a dominação.
A legislação proibia que um senhor matasse, mutilasse ou castigasse demasiadamente um escravo, mas essas práticas eram comuns. O grande número de mestiços revelaria também a violência que os senhores exerciam sobre as escravas.
Muitos senhores jamais reconheceram seus filhos nascidos de uma escrava, mantendo-os na condição de cativos.




quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SÍNTESE: A VIDA NOS ENGENHOS



OS SENHORES DE ENGENHO – Os senhores de engenho constituía o grupo mais poderoso da colônia. Eram donos de grande riqueza, terras e escravos. Suas principais ocupações eram a aquisição de terras, o comércio do açúcar, a compra, a venda e o controle dos escravos, a administração da propriedade e o pagamento dos salários aos trabalhadores livres.

TRABALHADORES ESPECIALIZADOS – Em todas as etapas da produção do açúcar, havia a presença maciça dos escravos. Eram eles que realizavam a parte mais perigosa e penosa do trabalho. Os trabalhadores especializados podiam ser:
• Feitores – O feitor de plantações escolhia as terras para o plantio, o tipo de cana e os momentos adequados para o cultivo e a colheita. O feitor da moenda recebia a cana e controlava a produção do caldo. Acima deles havia o feitor-mor, que cuidava do ritmo da produção, controlando o transporte da cana para as moendas e garantindo a manutenção e o bom funcionamento dos equipamentos.
• Mestre de açúcar – Esse era o trabalhador mais bem pago, pois a qualidade do produto final dependia em grande parte do seu conhecimento e da sua experiência. O mestre de açúcar provava o caldo a todo o momento. Quando o melaço atingia o ponto, ele determinava sua retirada do fogo e o encaminhava para a purga.
• Outros trabalhadores – O purgador administrava o processo de clareamento do açúcar. O caixeiro coordenava a embalagem do açúcar já branqueado e retirava parte dos impostos que cabia à Coroa. Na cidade, outro caixeiro se responsabilizava da venda do produto para os comerciantes que o levariam para o exterior.

OS ESCRAVOS – A marca da vida dos escravos era a violência. Eram retirados a força da sua terra natal, faziam trabalhos pesados e insalubres, se alimentavam mal, sofriam castigos freqüentes, as famílias e as nações africanas eram desintegradas. Essa foi a marca na vida do negro escravizado na América portuguesa. Eram tratados como “peças”.

• Escravos ladinos e escravos boçais – No engenho, as “peças” eram novamente selecionadas. Os escravos que tinham dificuldades de adaptação aos trabalhos, à língua e a os costumes da colônia eram chamados boçais. Eram destinados às tarefas cansativas, repetitivas, tanto na lavoura quanto na casa das máquinas.
Os considerados mais capazes para aprender as novas técnicas e manusear equipamentos mais complexos eram os ladinos. Trabalhavam nas moendas, nas caldeiras, na casa de purgar, na casa-grande e nas oficinas (olarias, carpintarias, ferrarias).

A CASA-GRANDE – A casa-grande era a residência dos senhores de engenho. As primeiras construções, com paredes de barro e teto de sapé ou folhas de palmeira, tronaram-se sólidas, com alicerces em pedra e telhados de barro. Podiam ser térreas ou com mais de um andar. Tinham muitos cômodos. Até o século XVIII raramente foram luxuosas. Tinham poucos móveis e objetos decorativos.
Atenção especial era dada ao oratório domestico ou à capela, onde ficavam os santos de devoção da família.

A SENZALA – Os escravos viviam na senzala. Era uma construção quase sempre precária, com paredes de barro e cobertura de sapé, que sempre exigia reparos.
Internamente o espaço individual era pequeno, com divisória de palha trançada ou pau-a-pique, o que dificultava a privacidade.
Uma vez por anos os escravos recebiam roupas e tecidos, feitos de algodão grosseiro.



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SÍNTESE: PROPOSTAS DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Diante da miséria da maioria da população européia, surgiram várias propostas para alterar as formas de organização da sociedade.

OS PRIMEIROS SOCIALISTAS – Provavelmente a palavra socialismo foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1827, em um artigo de jornal. Ainda não havia uma teoria socialista; havia apenas uma disposição política de alargar os limites da democracia burguesa. Vários pensadores e políticos apresentaram propostas de uma ampla reformulação para superar os problemas sociais.
• Saint-Simon (1760-1825), francês e de origem nobre. Defendia a livre empresa e o lucro dos industriais e propunha que o governo fosse composto de trabalhadores e capitalistas.
• Charles Fourier (1772-18370, também francês, era filho de comerciantes. Propôs a criação dos falanstérios, ou seja, comunidades financiadas com dinheiro público ou privado e auto-suficientes, em que cada um receberia conforme a sua capacidade de trabalho e as pessoas viveriam de forma cooperativa.
• Robert Owen (1771-1858) era inglês e empresário. Desejava mudar a sociedade por meio da criação de cooperativas de produtores e consumidores e pela educação de todo o povo.


SOCIALISMO E UTOPIA – Os primeiros socialistas foram muito criticados, pois suas propostas eram de difícil realização ou só poderiam ser colocadas em prática em condições muito especiais. Para Friedrich Engels (1820-1895), pensador alemão do século XIX, só seriam alcançadas por meio de uma obra voluntária, feita pelas elites, que teriam de concordar em perder boa parte de suas propriedades, privilégios e fortunas, em troca do bem-estar comum. E, segundo Engels, isso nunca ocorreria; por isso, ele classificou os primeiros pensadores socialistas de utópicos.
No entanto, várias idéias dos socialistas utópicos foram aproveitadas pelos futuros pensadores socialistas, como Karl Marx (1818-1883) e o próprio Engels, para elaborar outras propostas de transformação social.

O MARXISMO – O marxismo foi a mais importante e difundida das teorias socialistas, por sua consistência teórica e por suas repercussões práticas. Deve seu nome a Karl Marx, que contou com a colaboração intelectual e a ajuda material de Friedrich Engels.
A teoria marxista afirmava existir uma permanente luta de classes na sociedade. Para Marx, essa luta move a história, fazendo-a avançar.

O ANARQUISMO – Além dos socialistas utópicos e dos marxistas, outra proposta de mudança social surgiu no século XIX: o anarquismo. As idéias anarquistas privilegiavam a liberdade e a justiça e partiam do princípio de que o homem tinha, por natureza, as condições necessárias para viver bem socialmente.
Segundo várias correntes do anarquismo, o Estado, o governo e as autoridades eram a origem de todos os males, porque exerciam controle sobre os indivíduos e os impediam de ser livres.
A alternativa ao Estado é substituí-lo por outras formas de associação, autônomas e de caráter comunitário, capazes de gerir a si mesmas.



SÍNTESE: A UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA E DA ALEMANHA

Giuseppe Garibaldi


A ITÁLIA PARA OS ITALIANOS – Durante o século XIX, este era o objetivo de parte dos moradores da península Itálica. Até 1860, o território que hoje corresponde à Itália estava dividido em vários reinos, e parte das terras habitadas por italianos, ao norte, estava sob o controle da Áustria.
Os nacionalistas sabiam que a unificação não seria fácil. Não seria conseqüência de uma revolução popular, mas sim de uma guerra com a participação das grandes potências européias.


O PROCESSO DE UNIFICAÇÃO – O reino de Piemonte-Sardenha, região industrializada ao norte da Itália, deu início ao processo de unificação. O primeiro-ministro Cavour, com o apoio de Napoleão III, da França, derrotou as forças austríacas e incorporou territórios italianos.
Ao mesmo tempo, o republicano Giuseppe Garibaldi, à frente de um exército de mil homens, conhecidos por camisas vermelhas, desembarcou na Sicília e iniciou uma nova frente de guerra de unificação, do sul em direção ao norte.
Em 1861, o país foi unificado, e Vítor Emanuel II, rei do Piemonte-Sardenha, foi proclamado rei da Itália. Faltava apenas conquistar as cidades de Veneza e Roma.

Otto von Bismarck

A PRÚSSICA CRIA A ALEMANHA – A Alemanha unificada teve uma historia muito parecida com a Italiana. A principal diferença foi que, ao contrario dos italianos, muitos alemães estavam espalhados e misturados a outros povos em toda a Europa Central.

O ARTICULADOR DA UNIFICAÇÃO – Em 1862, por escolha de Guilherme I, rei da Prússia, Otto von Bismark tornou-se chanceler (cargo correspondente a primeiro-ministro). Foi dele a estratégia de criação da Alemanha. Por meio de um intenso trabalho diplomático, Bismark iniciou uma série de acordos políticos com o intuito de derrotar a Áustria e vencer a resistência dos franceses.
Depois de um grande esforço para equipar, modernizar e aperfeiçoar o exército prussiano, que se tornou a mais poderosa força armada da Europa, Bismark lançou suas tropas nas guerras de unificação.
Por fim, em 1870, Bismark deu início à Guerra Franco-Prussiana.
Em 1871, Guilherme I foi coroado imperador da Alemanha, e Bismark tornou-se o principal chefe militar do país. A unificação alemã não foi uma obra individual: sem o desenvolvimento industrial da Prússia, a integração econômica de grande parte do território alemão e a expansão de uma cultura nacional, a criação do Estado alemão nunca teria sido alcançada.



SINTESE: A OCUPAÇÃO HOLANDESA NO NORDESTE

Maurício de Nassau

Ao longo do período colonial, a produção açucareira alcançou muito sucesso. Apesar disso esse período foi marcado por momentos de crise. Na primeira metade do século XVII, colonos do Nordeste enfrentaram um período tumultuado por causa das invasões holandesas. Para entender essas invasões, precisamos compreender o que se passava em Portugal, Espanha e Holanda...

A PARCERIA ENTRE PORTUGAL E HOLANDA – Para construir um engenho, era preciso investir muito dinheiro. Como os portugueses não tinham condições de custear o empreendimento, a Holanda passou a bancar todas as etapas, desde o financiamento até o fornecimento de equipamentos para a produção do açúcar. Em troca, os holandeses tinham o direito de comercializar o açúcar.

A UNIÃO IBÉRICA E O PODERIO ESPANHOL – A morte do governante português, cardeal Dom Henrique, em 1580, ocasionou uma crise política em Portugal, pois não havia sucessores legítimos e diretos para o trono lusitano.
O rei espanhol Felipe II, que descendia da casa real portuguesa por parte de mãe, invadiu o vizinho reino português, derrotou pretendentes ao trono e assumiu o poder. O domínio da Espanha sobre Portugal ficou conhecido como União Ibérica que durou de 1580 a 1640.


ESPANHA E HOLANDA: DOMÍNIO E GUERRA – O reinado de Felipe II estendia-se aos Países Baixos (Holanda e Bélgica). Algumas províncias dessa região, descontentes com o domínio católico e com a cobrança de pesados tributos, lutavam para se tornar independente da Espanha. A situação se complicou ainda mais quando Felipe II proibiu o comércio da Holanda com as colônias lusitanas.

DA BAHIA A PERNAMBUCO – A invasão holandesa do Nordeste foi promovida pela Companhia das Índias Ocidentais, que detinha o monopólio do comércio na América e na África. O primeiro grande ataque ocorreu em 1624, na Bahia, com o objetivo de tomar a cidade de Salvador, sede da administração colonial.
Em um primeiro momento, o ataque foi bem-sucedido; porém, a resistência organizada após a invasão impediu que os holandeses consolidassem seu domínio, obrigando os invasores a abandonar a cidade no ano seguinte.
A derrota em Salvador revelou a necessidade de se buscar, na rica região do açúcar, uma área menos protegida, mas de igual importância econômica. A escolha recaiu sobre a capitania de Pernambuco.
Em 1630, os holandeses atacaram o litoral pernambucano e apoderaram-se da região em 1635. A sede do governo holandês, estabelecida primeiramente em Olinda, logo foi transferida para Recife.

O DOMÍNIO HOLANDÊS NA AMÉRICA PORTUGUESA – Depois da conquista de Pernambuco, novos ataques possibilitaram aos holandeses estender seus domínios de Alagoas até o Rio Grande do Norte.
A cidade de Recife, sede da administração holandesa, ganhou ares de cidade européia. Praças, pontes e edifícios foram construídos, ruas foram calçadas, cientistas e artistas europeus registraram a natureza e a paisagem local em seus trabalhos.
Maurício de Nassau, principal autoridade holandesa no Nordeste entre 1637 e 1644, fez alianças e concedeu empréstimos aos fazendeiros, a fim de retomar rapidamente a produção de açúcar prejudicada pela guerra.

A RESTAURAÇÃO – Portugal recuperou sua independência em 1640, em um movimento conhecido como Restauração, com a aclamação de D. João IV. As dificuldades financeiras do país impediram a pronta recuperação dos territórios sob domínio estrangeiro na África e na América. Por isso, os holandeses permaneceram no Nordeste até 1654.

TENSÕES ENTRE HOLANDESES E COLONOS – A saída de Maurício de Nassau do governo holandês no Nordeste, em 1644, pôs fim à boa convivência que se tinha estabelecido entre holandeses e colonos no Nordeste açucareiro.
Os novos administradores pressionaram os fazendeiros a pagar os empréstimos concedidos sob ameaça de confiscar suas terras ou a produção de açúcar. Essa situação causou uma nova guerra entre colonos e holandeses.

AS GUERRAS DE EXPULSÃO – Os combates para expulsar os holandeses ficaram conhecidos como Insurreição Pernambucana. Eles começaram em 1645 e se estenderam por nove anos. As duas batalhas de Guararapes, em 1648 e em 1649, foram decisivas para restaurar gradualmente o domínio português.
Em 1654, os holandeses assinaram a Capitulação da Campina da Taborda e se retiraram definitivamente do território nordestino. Porém, a paz só foi assinada em 1661.