terça-feira, 19 de agosto de 2008

III UNIDADE - RESUMO - 9º Ano - A ERA VARGAS

Na Primeira República os estados de São Paulo e Minas Gerais alternavam-se na presidência, num arranjo político conhecido como política do café-com-leite. Até que o presidente Washington Luís, representante de São Paulo, resolveu lançar a candidatura de outro paulista, Júlio Prestes, quebrando a alternância determinada pelo arranjo político. Desta forma, mineiros, gaúchos e a oposição dos outros estados uniram-se formando um novo partido: a Aliança Liberal.

Nas eleições de 1930 a Aliança Liberal lançou a candidatura de Getúlio Vargas e de João Pessoa para presidente e vice-presidente do Brasil, respectivamente. Júlio Prestes venceu as eleições. Porém algo inesperado aconteceu: por motivos que relacionados à política da Paraíba, João Pessoa (governador da Paraíba, na época) foi assassinado por um adversário local. O grupo ligado à Getúlio Vargas utilizou-se do fato contra Washington Luís, organizando uma ação armada.


Em outubro de 1930, uma revolução teve início em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul tendo também adeptos do Nordeste. O presidente Washington Luís não resistiu à forte pressão e renunciou. Um grupo de militares ocupou provisoriamente o governo do Brasil mas, em 3 de novembro de 1930, os setores populares e a maioria dos participantes da revolução, inaugurou uma nova fase no país, apoiando e pondo Vargas como presidente.

Vargas nomeou interventores nos estados, vários deles militares. A política federal não agradou, principalmente aos estados mais ricos, como São Paulo. Seu interventor não era paulista e a a elite lutava contra o Governo Provisório, por novas eleições, pela autonomia estadual e mas importante, pela elaboração de uma nova Constituição para o Brasil. Em 9 de julho de 1932 ocorreu a Revolução Constitucionalista de 1932. O movimento iniciado em São Paulo foi derrotado e ainda assim, os paulistas conseguiram a nomeação do paulista Armando de Sales Oliveira como interventor de São Paulo. São Paulo começou a mostrar que sua elite tinha importância no panorama político e econômico do país.

Vargas para amenizar os confrontos com as elites, convocou eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, em maio de 1933. Após muitos debates, a Constituição foi, finalmente, promulgada. Algumas determinações da Constituição, além do voto secreto e extensivo à mulher foi relacionada à legislação trabalhista, à organização sindical e à educação.

A Assembléia Nacional Constituinte elegeu, por voto indireto, Getúlio Vargas como presidente da república, com mandato até maio de 1938, quando seria realizada eleição para presidente por voto direto.

Acrise de 1929 afetou enormemente a população brasileira e greves surgiam a todo instante. Nesse momento surgiram duas importantes organizaçãoes políticas: AIB (Ação Integralista Brasileira - inspirada em idéias e regimes totalitários como o facismo e o nazismo, e contra o comunismo) e a ANL (Aliação Nacional Libertadora - união de vários setores descontentes da sociedade brasileira, contra o integralismo e o avanço do nazismo e facismo na Europa, predominavam comunistas - liderados por Luís Carlos Prestes). Os confrontos eram constantes. Vargas era simpatizante das idéias da AIB e, por isso, punia com mais rigos os atos da ANL.

Em 1935, o governo federal transformou a ANL em organização ilegal, fechando-a. Continuando suas atividades mesmo assim, em novembro do mesmo ano a ANL organizou a Intentona Comunista, objetivando um golpe militar para instituição de um novo governo. O movimento foi controlado pelas forças federais, e serviu de pretexto para o governo decretar estado de sítio. O líder comunista Luís Carlos Prestes foi condenado a 30 anos de prisão e sua esposa, Olga Benário, foi detida e deportada para a Alemanha, sendo morta num campo de concentração nazista.


A Constituição de 1934 determinava a realização de eleições para presidente da República em janeiro de 1938. Armando de Sales Oliveira, governador de São Paulo, lançou-se candidato pela oposição. Apoiado pela presidência, foi lançado o nome do paraibano José Américo de Almeida. Além dos dois, outro pretendente à presidência foi Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira (AIB). Vargas apresentava uma postura dúbia, pois enquanto parecia dar ênfase e apoio total às eleições, procurava um pretexto para suspender as eleições e permanecer no governo.

O motivo alegado por Getúlio para manter-se no poder foi o Plano Cohen: documento divulgado pelo governo brasileiro em setembro de 1937, atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelos comunistas (anos mais tarde, ficaria comprovado que o documento foi forjado com a intenção de justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937). No dia 10 de novembro, a ditadura do Estado Novo foi implantada.

O Brasil fez acordos com os Estados Unidos que garantiram benefícios a ambos os lados: os Estados Unidos passaram a ter um aliado estratégico para apoio na Segunda Guerra; o Brasil teve crescimento econômico favorecido pela implantação de um parque industrial consistente. Durante o Estado Novo a economia brasileira caracterizou-se por uma forte intervenção estatal. Foram criadas importantes companhias (Companhia Vale do Rio Doce, Companhia Hidrelétrica do São Francisco, CSN - Companhia Siderúrgica Nacional) e conselhos regulatórios (CNP - Conselho Nacional do Petróleo, Superintendência da Moeda e do Crédito).

Foi criado, em 1938, o Conselho Nacional do Petróleo para regulamentar a exploração do petróleo no país, o que despertou discussões. de um lado os nacionalistas, que defendiam que só as companhias brasileiras deveriam explorar a matéria-prima; do outro, estavam os que defendiam a abertura às empresas estrangeiras. A campanha "O petróleo é nosso", a partir de 1947 cresceu consideravelmente: a mobilização em prol na nacionalização do petróleo envolvia diversos segmentos da sociedade, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e parte das Forças Armadas que compunham o Clube Militar. A questão fez ficar de lado até as questões de rivalidade política. Os nacionalista venceram e em 3 de outubro de 1953 foi criada a empresa que teria o monopólio da atividade petrolífera do Brasil por vários anos: a Petrobrás.


Passado esse momento, o Estado Novo passou a dar atenção às questões dos trabalhadores urbanos. Algumas regulamentações: sindicatos organizados por categoria profissional; instituição da Justiça do Trabalho; criação do imposto sindical; criação do salário mínimo; elaboração da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho).

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Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, o governo do Estado Novo não tomou posição, mantendo neutralidade com respeito às nações envolvidas no conflito. A guerra evoluiu, envolvendo os Estados Unidos (a partir do ataque japonês a Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941), e a política de solidariedade continental levou o Brasil a se alinhar entre as nações democráticas, contra a Alemanha, a Itália e o Japão. Em março, foram cedidos vários pontos do Nordeste do país para servirem de bases navais e aéreas aos norte-americanos, o que desagradou muito a Alemanha pois essa relação significava o abastecimento de materiais básicos e estratégicos de que os norte-americanos necessitavam para se manterem em luta. A Alemanha, com seus submarinos, afundou navios mercantes brasileiros fazendo cerca de 600 vítimas, com o intuito de intimidar o governo brasileiro e forçá-lo à neutralidade. Em agosto de 1942 o governo brasileiro declarou guerra às nações do Eixo. Dois anos depois, enviou tropas da FEB (Força Expedicionária Brasileira) para combater os nazistas na Itália.


Os estados brasileiros que tinham presença de imigrantes alemães, italianos e japoneses ficaram sob vigilância e proibiu-se até o ensino de língua estrangeira nas escolas de origem germânica de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que alfabetizavam em alemão. No futebol, times como nome dos países do Eixo tiveram que ser renomeados, como o Societá Spotiva Palestra Italia (Belo Horizonte) passou a se chamar Cruzeiro Esporte Clube e o Palestra Italia (São Paulo) adotou o nome de Palmeiras.


Ao final da guerra, com as ditaduras européias derrotadas a situação do ditador brasileiro ficou insustentável - havia lutado ao lado dos países aliados! Internamente a oposição exigia mudanças. Manifestações estudantis lideradas pela UNE (União Nacional dos Estudantes) contra o nazi-facismo agitaram todo o país. Em 1943 ocorre o primeiro protesto organizado contra o Estado Novo, em Minas Gerais, chamado Manifesto dos Mineiros, pedindo o fim da ditadura. Getúlio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945, por um movimento militar liderado por generais que compunham seu próprio ministério, renunciando formalmente ao cargo de presidente.

A educação e a cultura na era Vargas foram marcadas pela busca por uma identidade nacional. O ideal nacionalista servia como auxílio à política centralizadora de Getúlio. Em 1939 foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) que coordenava, orientava e centralizava as propagandas internas e externas, produções artísticas, a radiodifusão, as manifestações cívicas, concertos, etc. Ou seja, era o DIP que "dizia" o que podia ser falado, ouvido ou visto no país. Rádio, jornais e cartilhas destinadas às crianças eram os principais instrumentos usados para propaganda governamental.

A educação foi organizada a nível nacional buscando formar uma nova elite intelectual. Foi criado, então, o Ministério da Educação e Saúde (1930). Algumas das reformas educacionais foram: currículo seriado para os ensinos hoje conhecidos como fundamental e médio, freqüência obrigatória, exigência de nível médio para ingresso no superior, incentivo ao ensino profissionalizante, criação de universidades. Foram criados também durante o Estado Novo o SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico Nacional) e o Instituto Nacional do Livro. Muitos intelectuais atuaram direta ou indiretamente nas iniciativas culturais do governo de Vargas, entre eles estão Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Anísio Teixeira, Gustavo Capanema Mário de Andrade e Heitor Villa-Lobos.

As rádios difundiam a música erudita e leitura de clássicos literários, mas não era disso que o povo gostava. O que mais agradava era o teatro de revista que fazia uma revisão dos fatos da sociedade e política, de forma irônica. Getúlio Vargas foi um dos chefes de estado mais satirizados no teatro, principalmente antes da ditadura do Estado Novo.

As tentativas na produção cinematográfica brasileira foram superadas pelas películas e avanços tecnológicos estrangeiros. O radiojornalismo se difundiu a partir de 1935 e um dos pioneiros foi o Repórter Esso. O rádio foi um dos principais instrumentos de divulgação política da era Vargas. Foi criada também A Hora do Brasil, atualmente chamada Voz do Brasil.

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