Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda a canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil verde que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Ô, esse coqueiro que dá coco
Oi onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!
Ô, oi essas fontes murmurantes
Oi onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Oi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Gravada originalmente por em 1939 na Odeon por Francisco Alves, acompanhado por Radamés Gnattali e sua Orquestra, lançada em discos 78 rpm e tendo "cena brasileira" como gênero.
Outras gravações conhecidas são as de Ary Barroso (piano), Lee Broyde (órgão, 1941), Sílvio Caldas (1942), George Brass (1942), Zaccarias e sua Orquestra (1943 e 1957), Quatro Ases e Um Curinga (1947), Anjos do Inferno (1947), Francisco Canaro (tango), Mário Gennari Filho (acordeão, 1950), Pedro Vargas, Leal Brito (piano, 1955), Jorge Goulart (1956), Francisco Carlos, Ary Sperling, Bola Sete e seu Conjunto (1957), Altamiro Carrilho, Betinho e seu Conjunto (1960), João Dias, José Luciano (Piano), Wilson Simonal (1965), Agostinho dos Santos, Elis Regina (1969), , Erasmo Carlos, Grupo 10.001 & Vocal Documenta (1975), Jair Rodrigues (1976), Cláudia Moreno, Marília Pêra, Banda Carnavalesca Cidade Maravilhosa, Ray Conniff, Sílvio César, Baby Consuelo (1978), Zimbo Trio, Simone (1979), João Bosco (1981), César Camargo Mariano (1983), João Gilberto (1985), Gal Costa (1988), Plácido Domingo, Tim Maia, Dori Caymmi (1992), Emílio Santiago, Rosa Passos (1991), Trio Esperança, Tom da Terra (1995), entre tantas outras.
Não notada, intitulada originalmente Aquarela brasileira, foi lançada na revista Entra na faixa, estreada em 11/8/39, na voz de Aracy Côrtes. Logo após, interpretada por Cândido Botelho, fez parte da Joujoux e Balangandãs, onde iniciou a despontar.
Gravada por Chico Viola em 1939, Aquarela do Brasil surgiu numa noite em que Ary Barroso não pôde sair de casa por conta de uma forte tempestade. Compôs, na mesma noite, Aquarela e depois a belíssima Três lágrimas. "A censura do Estado Novo vetou o verso ‘terra do samba e do pandeiro’, sob a alegação de que era ‘depreciativo’ para o Brasil. Ary teve de ir ao DIP e defender – com toda ênfase que sabia usar nessas ocasiões – a preservação do verso. Felizmente, convenceu os censores." 1
Com Aquarela do Brasil, Ary criou o gênero "samba-exaltação", composição ufanista nos versos, de orquestração e interpretação grandiloqüentes, que marcaria boa parcela das músicas produzidas durante o Estado Novo (1937~1945).
Além da impecável qualidade melódica da composição e a bela interpretação de Francisco Alves, um outro grande fator para o formidável sucesso, foi a magnífica orquestração de Radamés Ganattali, que criou o artifício de, nos intervalos mudos, preenchê-los através da marcação rítmica com naipe de sopros. Este recurso, daí em diante muito utilizado, personalizou as orquestrações de sambas.
Muito censurado na época, Ary não se incomodou com as críticas irônicas que, além da redundância de um coqueiro dar coco, o acusavam de utilizar termos pouco usuais, como "inzoneiro" (manhoso), "merencória" (melancólica), trigueiro (moreno). Ary defendeu-se, deixando a entender que estas expressões são efeitos poéticos indissolúveis da composição.
Outro fato interessante foi a gafe de Francisco Alves ao gravar "risoneiro" no lugar de "inzoneiro" por não ter compreendido a caligrafia ininteligível de Ary.
Arrojada ou não, sem dúvida alguma, juntamente com Tico-tico no fubá de Zequinha de Abreu e Garota de Ipanema de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Aquarela do Brasil é a música brasileira mais conhecida no mundo. Com o título de Brazil ou ainda Watercolor of Brazil, fez parte da trilha sonora do filme Alô amigos, de Walt Disney (1943), na voz de Aloysio de Oliveira. Graças ao sucesso da música no exterior, Ary foi para Hollywood, a convite de Walt Disney, e só não ficou por lá porque não quis. Tinha diversas ofertas de trabalho, mas aceitou apenas algumas e preferiu voltar para o país que tanto retratou em suas músicas.
1. CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Rio de Janeiro, Lumiar, s/d, p.179.
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda a canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil verde que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Ô, esse coqueiro que dá coco
Oi onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!
Ô, oi essas fontes murmurantes
Oi onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Oi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Gravada originalmente por em 1939 na Odeon por Francisco Alves, acompanhado por Radamés Gnattali e sua Orquestra, lançada em discos 78 rpm e tendo "cena brasileira" como gênero.
Outras gravações conhecidas são as de Ary Barroso (piano), Lee Broyde (órgão, 1941), Sílvio Caldas (1942), George Brass (1942), Zaccarias e sua Orquestra (1943 e 1957), Quatro Ases e Um Curinga (1947), Anjos do Inferno (1947), Francisco Canaro (tango), Mário Gennari Filho (acordeão, 1950), Pedro Vargas, Leal Brito (piano, 1955), Jorge Goulart (1956), Francisco Carlos, Ary Sperling, Bola Sete e seu Conjunto (1957), Altamiro Carrilho, Betinho e seu Conjunto (1960), João Dias, José Luciano (Piano), Wilson Simonal (1965), Agostinho dos Santos, Elis Regina (1969), , Erasmo Carlos, Grupo 10.001 & Vocal Documenta (1975), Jair Rodrigues (1976), Cláudia Moreno, Marília Pêra, Banda Carnavalesca Cidade Maravilhosa, Ray Conniff, Sílvio César, Baby Consuelo (1978), Zimbo Trio, Simone (1979), João Bosco (1981), César Camargo Mariano (1983), João Gilberto (1985), Gal Costa (1988), Plácido Domingo, Tim Maia, Dori Caymmi (1992), Emílio Santiago, Rosa Passos (1991), Trio Esperança, Tom da Terra (1995), entre tantas outras.
Não notada, intitulada originalmente Aquarela brasileira, foi lançada na revista Entra na faixa, estreada em 11/8/39, na voz de Aracy Côrtes. Logo após, interpretada por Cândido Botelho, fez parte da Joujoux e Balangandãs, onde iniciou a despontar.
Gravada por Chico Viola em 1939, Aquarela do Brasil surgiu numa noite em que Ary Barroso não pôde sair de casa por conta de uma forte tempestade. Compôs, na mesma noite, Aquarela e depois a belíssima Três lágrimas. "A censura do Estado Novo vetou o verso ‘terra do samba e do pandeiro’, sob a alegação de que era ‘depreciativo’ para o Brasil. Ary teve de ir ao DIP e defender – com toda ênfase que sabia usar nessas ocasiões – a preservação do verso. Felizmente, convenceu os censores." 1
Com Aquarela do Brasil, Ary criou o gênero "samba-exaltação", composição ufanista nos versos, de orquestração e interpretação grandiloqüentes, que marcaria boa parcela das músicas produzidas durante o Estado Novo (1937~1945).
Além da impecável qualidade melódica da composição e a bela interpretação de Francisco Alves, um outro grande fator para o formidável sucesso, foi a magnífica orquestração de Radamés Ganattali, que criou o artifício de, nos intervalos mudos, preenchê-los através da marcação rítmica com naipe de sopros. Este recurso, daí em diante muito utilizado, personalizou as orquestrações de sambas.
Muito censurado na época, Ary não se incomodou com as críticas irônicas que, além da redundância de um coqueiro dar coco, o acusavam de utilizar termos pouco usuais, como "inzoneiro" (manhoso), "merencória" (melancólica), trigueiro (moreno). Ary defendeu-se, deixando a entender que estas expressões são efeitos poéticos indissolúveis da composição.
Outro fato interessante foi a gafe de Francisco Alves ao gravar "risoneiro" no lugar de "inzoneiro" por não ter compreendido a caligrafia ininteligível de Ary.
Arrojada ou não, sem dúvida alguma, juntamente com Tico-tico no fubá de Zequinha de Abreu e Garota de Ipanema de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Aquarela do Brasil é a música brasileira mais conhecida no mundo. Com o título de Brazil ou ainda Watercolor of Brazil, fez parte da trilha sonora do filme Alô amigos, de Walt Disney (1943), na voz de Aloysio de Oliveira. Graças ao sucesso da música no exterior, Ary foi para Hollywood, a convite de Walt Disney, e só não ficou por lá porque não quis. Tinha diversas ofertas de trabalho, mas aceitou apenas algumas e preferiu voltar para o país que tanto retratou em suas músicas.
1. CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Rio de Janeiro, Lumiar, s/d, p.179.
OUÇA E VEJA!
Olá,
ResponderExcluirAchei esse post enquanto procurava assuntos relacionados ao Ary Barroso.
Muito bacana!
Abraços,
Lu Oliveira
www.luoliveiraoficial.com.br