quarta-feira, 23 de setembro de 2009

LÍNGUAS AMEAÇADAS

Linguista discute risco de extinção de vários idiomas falados por grupos indígenas brasileiros

Esse conteúdo, foi mais uma contribuição do professor Leopoldo Quaresma Jr.
Veja seu blog: www.cienciasempre.blogspot.com


Estudo feito por pesquisadores paraenses mostra que 21% das línguas indígenas faladas no Brasil correm o risco de desaparecer (foto: Valter Campanato/ABr).


Um levantamento recente feito por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi mostra que 154 línguas são faladas no Brasil por diferentes etnias indígenas e que 21% desses idiomas estão ameaçados de extinção. Para falar sobre essa questão, o Estúdio CH desta semana recebe a linguista Ana Vilacy Galucio, uma das integrantes da equipe que conduziu o estudo.

Em entrevista a Mariana Ferraz, a pesquisadora explica que uma língua é considerada ameaçada de extinção se é falada por poucas pessoas e não é mais ensinada às próximas gerações. No Brasil, as línguas indígenas têm poucos falantes – em alguns casos, apenas dois – e o risco de elas desaparecerem é ainda maior porque são transmitidas somente por tradição oral.




Galucio ressalta que o desaparecimento de uma língua afeta uma variedade de elementos culturais que são transmitidos por meio dela – como conhecimentos, pensamentos e a literatura. Além disso, a própria relação da língua com a identidade do povo é afetada.

A linguista aponta algumas causas para o desaparecimento das línguas indígenas no Brasil, como o surgimento de doenças que diminuíram muito as populações e a realização de casamentos entre membros de grupos diferentes. Mais recentemente, a pressão socioeconômica que leva jovens e crianças a saírem das aldeias para estudar e trabalhar nas cidades e fazendas próximas tem contribuído para o desinteresse dessas gerações em aprender sua língua materna.

Mas a pesquisadora acredita que, no atual momento social e político, o país caminha rumo a uma nova valorização da cultura, da tradição e da identidade indígenas, o que pode levar à recuperação de algumas línguas. Ela destaca a importância do registro dos idiomas ainda em uso e da postura ativa da comunidade científica para promover medidas que possam afastar as línguas indígenas da extinção.

Siga as instruções do quadro abaixo para ouvir a entrevista com Ana Vilacy Galucio, que também fala sobre o trabalho do Museu Goeldi para valorizar e documentar a cultura dos povos indígenas brasileiros.


A Redação
Ciência Hoje On-line


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